A cápsula Starliner da Boeing enfrentou novos problemas, dificultando o retorno dos astronautas que transportou à Estação Espacial Internacional (ISS). Os desafios levaram a Boeing a analisar a distância a nave para identificar as causas e garantir um retorno seguro para os astronautas.
Os dois astronautas deveriam voltar para casa em 14 de junho, mas essa data foi adiada diversas vezes, e agora tanto a NASA quanto a Boeing ainda não anunciaram uma nova data de lançamento.
A Starliner enfrentou problemas antes mesmo de decolar. Após vários atrasos na versão final, o lançamento estava previsto para maio, mas um vazamento de hélio e problemas na fonte de alimentação levaram a novos adiamentos.
Finalmente, a nave decolou em 5 de junho, mas sofreu mais complicações: houve cinco vazamentos de hélio, cinco propulsores de manobra pararam de funcionar e uma válvula de propulsão não fechou completamente.
Esses problemas deixaram tanto a tripulação no espaço quanto os gestores na Terra em busca de soluções para a missão.
Aqui está o que a Boeing, a NASA e os dois astronautas veteranos – Barry “Butch” Wilmore e Sunita “Suni” Williams – podem fazer a seguir.
De acordo com Steve Stich, gerente de tripulação comercial da NASA, a Starliner pode permanecer ancorada na ISS por até 45 dias. Se for absolutamente necessário, como no caso de surgirem mais problemas que não possam ser resolvidos a tempo, a cápsula pode ficar atracada por até 72 dias, contando com vários sistemas de backup, conforme informou uma fonte familiarizada com o planejamento de voo.
Internamente, a NASA tem uma data final de retorno prevista para 6 de julho, segundo a mesma fonte, que preferiu manter o anonimato. Essa data significaria que a missão, originalmente planejada para oito dias, se estenderia por um mês.
Os problemas atuais estão centrados no sistema de propulsão descartável da Starliner, parte do módulo de serviço da nave. Este sistema é essencial para afastar a cápsula da ISS e posicioná-la para sua entrada na atmosfera terrestre. Muitos propulsores da Starliner superaqueceram durante o disparo, e os vazamentos de hélio – utilizado para pressurizar os propulsores – parecem estar relacionados à frequência de uso, informou Stich.
Stich afirmou que recentes testes de disparo dos propulsores, ainda com a Starliner ancorada, deram às equipes de missão confiança no retorno seguro, embora os testes e revisões ainda estejam em andamento. A equipe de gerenciamento da missão, composta por pessoal da NASA e da Boeing, está analisando dados dos problemas de propulsão, realizando simulações em Houston e considerando ações corretivas, como atualizações de software ou alterações no uso do hardware.
Uma vez que a NASA der luz verde para o retorno, os propulsores da Starliner serão utilizados para desencaixar a cápsula da ISS e iniciar uma viagem de aproximadamente seis horas para casa, reduzindo gradualmente a órbita antes de entrar na atmosfera terrestre e pousar, assistida por paraquedas e airbags, em um dos vários possíveis locais no sudoeste dos Estados Unidos.
Essa é a primeira missão da Starliner em órbita transportando astronautas, sendo o teste final necessário antes da certificação da NASA para sua utilização como principal veículo de transporte da agência para a ISS. A Starliner se juntaria ao Crew Dragon da SpaceX, que atualmente domina tanto o mercado governamental quanto o privado de voos espaciais tripulados, em parte devido aos atrasos na Starliner.
Apesar dos problemas com o sistema de propulsão, a NASA afirmou que a Starliner ainda seria capaz de trazer os astronautas de volta em caso de emergência – seja como cápsula de escape da ISS ou se itens perecíveis a bordo, como os painéis solares, mostrarem sinais de deterioração antecipada.
Diferente da missão atual da Starliner, a NASA não definiu uma data de retorno programada para a primeira missão da Crew Dragon transportando astronautas em 2020. Aquela missão durou 62 dias, pois os astronautas precisavam ajudar na manutenção da ISS devido à falta de pessoal na estação naquele momento.
Se a Starliner for considerada incapaz de retornar Wilmore e Williams à Terra com segurança, uma alternativa seria trazê-los a bordo do Crew Dragon, que levou quatro astronautas à estação em março e pode acomodar mais pessoas em situação de emergência.
Embora esse cenário seja considerado improvável, ele seria definitivamente constrangedor para a Boeing. No entanto, tanto funcionários da NASA quanto da Boeing, assim como engenheiros familiarizados com o programa, afirmaram à Reuters que nada nos problemas atuais da Starliner indica que essa medida seria necessária.
Nesse caso, o destino da Starliner dependeria de vários fatores, incluindo a extensão dos problemas técnicos apresentados.
A última vez que um astronauta da NASA precisou de uma carona alternativa para casa foi em 2022, quando a cápsula Soyuz da Rússia teve um vazamento de refrigerante após entregar à estação dois cosmonautas e o astronauta americano Frank Rubio.
A NASA considerou o Crew Dragon como uma alternativa para o retorno de Rubio, mas ele acabou utilizando uma cápsula Soyuz vazia que a Rússia lançou como nave de resgate. A missão de Rubio foi extendida de seis meses para pouco mais de um ano – 371 dias – estabelecendo um recorde de duração para um astronauta americano no espaço.
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