Milhões de libras em pagamentos de compensação estão sendo preparados pelos credores depois que uma investigação foi lançada sobre a venda indevida de financiamento automotivo ao longo de mais de uma década.
A questão diz respeito aos chamados acordos de comissões discricionárias (DCAs), vendidos entre 2007 e 2020, que permitiram aos concessionários e corretores ajustar as taxas de juros dos credores para se recompensarem com pagamentos de comissões sobre compras alugadas e acordos de compra por contrato pessoal.
A Autoridade de Conduta Financeira (FCA), que lançou a investigação, acredita que até três quartos dos negócios foram baseados em DCA. Até 10.000 clientes reclamaram dos DCAs e dois casos foram confirmados quando a FCA suspendeu mais recursos enquanto investiga.
A investigação em curso assemelha-se ao escândalo PPI, no qual os credores pagaram até agora cerca de 38 bilhões de libras a mais de 38 milhões de pessoas que foram afetadas entre o início da década de 1990 e 2010.
“Se encontrarmos má conduta generalizada, agiremos para garantir que as pessoas sejam compensadas de forma ordenada, consistente e eficiente”, disse a FCA na época.
Especialistas dizem que a ação da FCA sugere que a autoridade suspeita que os credores possam ter um caso para responder, fazendo com que aqueles que acreditam estar expostos comecem a se preparar para a sua próxima declaração em setembro, quando a FCA explicará como os consumidores podem fazer reclamações contra os credores.
Entre os que se preparam para o pior está o Lloyds, proprietário da Black Horse, um dos principais financiadores de automóveis e que se acredita estar mais exposto. Em fevereiro, revelou que reservou 450 milhões de libras para cobrir despesas legais e pagamentos de indenizações.
A Lender Close Brothers também confirmou que está cancelando o pagamento de dividendos este ano como precaução.
Os receios dos credores e a decisão da FCA de investigar os DCAs decorrem, em parte, das duas reivindicações feitas pelos clientes e confirmadas pelo Provedor de Justiça Financeiro.
Num deles, descobriu-se que a Black Horse permitia que um revendedor definisse uma taxa de juros entre 2,49% e 5,5%, sendo qualquer valor acima de 2,49% pago ao revendedor como comissão. A concessionária cobrou a taxa mais alta de 5,5%, equivalente a metade do valor total da conta de juros do empréstimo do cliente.
Além disso, o revendedor não informou ao cliente que havia definido a taxa de juros e quanto de comissão havia recebido.
A Ouvidoria considerou injusta a atuação do revendedor e ordenou que o cliente fosse reembolsado dos juros cobrados acima de 2,49% mais juros pagos de 8% ao ano sobre cada pagamento a mais.