Viajar para o espaço pode levar a alterações na estrutura dos rins, ocasionadas pela radiação galáctica. Isso pode representar um risco para missões humanas a Marte, de acordo com uma nova pesquisa. Compreender os impactos dos voos espaciais na saúde dos astronautas é crucial para o sucesso de futuras missões espaciais de longa duração. Embora os voos espaciais de curta duração não pareçam representar riscos significativos para a saúde, é importante investigar os efeitos a longo prazo dessas jornadas.
Estudos indicam que as mulheres podem ser mais capazes de tolerar fisiologicamente os voos espaciais do que os homens, mas mais pesquisas são necessárias para confirmar essa hipótese. Uma pesquisa recente analisou amostras coletadas da primeira tripulação civil da missão SpaceX Inspiration4, lançada em setembro de 2021 e retornou três dias depois. Além dos danos nos rins, a pesquisa sugere que os efeitos dos voos espaciais de curta duração são semelhantes aos das missões mais longas.
O estudo revelou níveis elevados de uma proteína chamada citocinas, que podem levar à inflamação e ao alongamento dos telômeros, resultando em mutações. Embora a maioria das alterações tenha retornado ao normal após a missão, algumas proteínas e genes permaneceram ativos durante a recuperação e após o voo, por pelo menos três meses. Christopher Mason, pesquisador da Weill Cornell Medicine, destaca que a maioria das mudanças biológicas observadas retorna à linha de base rapidamente, o que é encorajador para futuras viagens espaciais.
Pesquisadores da UCL investigaram o impacto dos voos espaciais nos rins, descobrindo que tanto rins humanos quanto animais são remodelados pela microgravidade, apresentando sinais de encolhimento. A interação entre a microgravidade e a radiação cósmica galáctica pode acelerar essas mudanças estruturais. A formação de cálculos renais durante missões espaciais não se deve apenas à perda óssea, mas ao processamento alterado de sais pelos rins.
Estudos indicam danos permanentes nos rins de ratos expostos a radiação simulando GCR, o que sugere a necessidade de medidas de proteção renal para missões futuras. A pesquisa destaca a importância dos rins na saúde dos astronautas e a necessidade de desenvolver tecnologias ou fármacos para viagens espaciais prolongadas. Além disso, qualquer avanço nesse campo pode beneficiar pacientes na Terra, aumentando a tolerância dos rins à radioterapia em casos de câncer.
O estudo, financiado por várias instituições, analisou dados de mais de 40 missões espaciais envolvendo humanos e animais, além de simulações espaciais com camundongos e ratos. O pacote SOMA, publicado na Nature, reúne dados de várias missões, incluindo SpaceX Inspiration4, Polaris Dawn, Axiom, Nasa Twins e Jaxa. As descobertas enfatizam a importância dos rins na saúde dos astronautas e a necessidade de novas estratégias de proteção durante missões espaciais.
A pesquisa destaca as diferenças na resposta de homens e mulheres aos voos espaciais, com as mulheres demonstrando maior resiliência em alguns aspectos. A capacidade de tolerar mudanças fisiológicas pode ser um fator determinante nessa diferença entre os sexos. Estudos adicionais são necessários para compreender completamente por que as mulheres parecem ser mais resistentes aos estressores do espaço.
Em suma, a pesquisa atual destaca a importância de proteger os rins durante viagens espaciais e a necessidade de desenvolver estratégias de proteção para futuras missões. Compreender os efeitos dos voos espaciais na saúde dos astronautas é fundamental para garantir o sucesso de missões espaciais de longa duração. Esperamos que futuras pesquisas possam fornecer insights adicionais sobre como mitigar os riscos à saúde dos astronautas no espaço.