Uma universidade afirmou ter retirado a pele humana da encadernação de um livro do século 19 sobre a vida após a morte que faz parte de suas coleções desde a década de 1930.
A decisão veio após uma revisão identificar preocupações éticas sobre a origem e a história do livro em Harvard.
O livro “Des Destinées de L’âme”, que significa “Destinos da Alma”, foi escrito por Arsène Houssaye, um romancista e poeta francês, no início da década de 1880. O texto impresso foi entregue ao médico Ludovic Bouland, que “encadernou o livro com a pele retirada sem consentimento do corpo de uma paciente falecida em um hospital onde trabalhava”, conforme comunicado recente da universidade. na Biblioteca Houghton da universidade.
Bouland incluiu uma nota manuscrita dentro do livro. Ele afirmou que “um livro sobre a alma humana merecia ter uma capa humana”, explicou o bibliotecário associado da universidade, Thomas Hyry, em um segmento de perguntas e respostas online na quarta-feira. A nota também detalhou o processo de preparação da pele para encadernação.
Análises científicas realizadas em 2014 confirmaram que a encadernação era de pele humana, informou a universidade.
Em seu comunicado, Harvard reconheceu que a biblioteca falhou em várias práticas de administração em relação aos seus padrões éticos.
“Até pouco tempo atrás, a biblioteca disponibilizava o livro para qualquer pessoa que o solicitasse, independentemente do motivo pelo qual desejava consultá-lo”, afirmou Harvard. “A tradição da biblioteca sugere que, décadas atrás, os estudantes contratados para catalogar as coleções nas prateleiras de Houghton ficaram confusos ao serem instruídos a recuperar o livro sem saber que ele incluía restos humanos.”
Quando os testes confirmaram que o livro era encadernado em pele humana, “a biblioteca publicou postagens no blog Houghton com um tom sensacionalista, mórbido e humorístico, alimentando uma cobertura semelhante da mídia internacional”, disse a universidade em seu comunicado.
A pele removida agora está em “armazenamento seguro na Biblioteca de Harvard”, revelou Anne-Marie Eze, bibliotecária associada da Biblioteca Houghton, no segmento de perguntas e respostas.
Harvard explicou que a remoção da pele foi motivada por uma revisão da biblioteca após um relatório da Universidade de Harvard sobre restos humanos em suas coleções de museus, divulgado em 2022.
“A Biblioteca de Harvard e o Comitê de Devolução das Coleções do Museu de Harvard concluíram que os restos mortais usados na encadernação do livro não fazem mais parte das coleções da Biblioteca de Harvard, devido à natureza eticamente carregada das origens do livro e da história subsequente”, informou o comunicado de Harvard.
A biblioteca afirmou que realizará pesquisas adicionais sobre o livro, Bouland e a paciente anônima. Além disso, está em contato com as autoridades francesas para determinar uma “disposição final respeitosa”.