Enquanto caminhava para a sua quinta disputa de Série B, em 2022, o Vasco enxergou no modelo SAF a solução para os seus problemas que há anos se arrastavam. Em um negócio anunciado poucos meses depois, com pompa e circunstância, o Vasco vendia 70% de sua recém criada SAF por cerca de 700 milhões de reais. Além disso, a empresa estadunidense 777 Partners assumiria cerca de 700 milhões em dívidas, gerando um negócio de cerca de 1,7 Bilhões de reais, se considerado o valor dos 30% mantidos pelo clube associativo. Até o momento se trata da maior negociação de SAF do país.
Entretanto, mais de 1 ano depois das primeiras notícias sobre a negociação entre a empresa estadunidense 777 Partners e o Vasco, o clube agoniza nas últimas colocações da Série A do Campeonato Brasileiro e caminha a passos largos para mais um rebaixamento. Em meio a isso, uma matéria bombástica publicada por um veículo norueguês traz à tona diversas acusações sobre a empresa que detém a maior parte da Vasco SAF.
Site norueguês coloca em dúvida operações da 777 Partners, dona do Vasco
A empresa norte-americana 777 partners se viu no foco de uma matéria investigativa de um site esportivo norueguês publicada recentemente. O artigo intitulado “The 777 football mystery” (O mistério do futebol da 777) trouxe informações sobre as operações da empresa e levantou questionamentos sobre a origem do dinheiro investido.
Segundo um ex-funcionário da empresa que preferiu permanecer anônimo, todos os negócios da 777 resultam em prejuízo, tanto no esporte como na aviação. O entrevistado expressou dúvidas sobre a capacidade da empresa de financiar suas operações, levantando a possibilidade de movimentação do mesmo dinheiro entre diferentes transações.
A reportagem apontou que o envolvimento da 777 partners em outros lugares seguiu um padrão de três fases: esperança, verificação da realidade e desilusão. O caso do Vasco da Gama foi citado como exemplo desse padrão. Os repórteres questionaram a origem do dinheiro da 777, mencionando investimentos iniciais de fundos como Boich Investment Group e Leadenhall Capital Partners, além de contribuições de fundos de private equity e indivíduos de alta renda não identificados.
A singularidade do modelo da 777 foi destacada na reportagem, afirmando que dificilmente poderá ser replicado. Consultores financeiros do futebol consultados expressaram dúvidas sobre a possibilidade de retorno sobre o investimento da empresa, sugerindo a possibilidade de perdas financeiras ainda maiores.
Diante da repercussão do assunto, dirigentes do Vasco da Gama entraram em contato com a 777, solicitando um posicionamento público sobre as questões levantadas. O tema tem sido amplamente discutido entre conselheiros, beneméritos e membros da diretoria administrativa do clube.
777 Partners se posiciona sobre matéria que detona as operações da empresa
Pouco mais de 24 horas após a publicação do artigo no site norueguês, a 777 Partners emitiu um comunicado em resposta às acusações levantadas. A empresa afirma que informações importantes foram omitidas no artigo e que ele foi estruturado de forma enganosa para minar seus esforços e refletir ignorância e desinformação sobre modelos de investimento na aviação e no futebol.
No comunicado, a 777 Partners alega que o artigo é enganoso e contradiz as diretrizes básicas da integridade jornalística. Segundo a empresa, foram omitidas informações sobre os impactos positivos de seus projetos em companhias aéreas, clubes e comunidades. Eles destacam seu compromisso em causar impacto positivo nas comunidades onde conduzem negócios.
A empresa também defende seu fundador, Josh Wander, afirmando que as acusações pessoais contra ele são imprecisas e difamatórias. Alegam que Wander abordou questões de seu passado ocorridas décadas atrás e dedicou sua vida a retificar essas percepções.
Sobre as alegações contra a Sutton Park, a 777 Partners afirma que o negócio é um agregador atacadista de acordos estruturados e não tem envolvimento na origem do financiamento mencionado no artigo. Wander, Steve Pasko e a própria 777 Partners expressam simpatia pelas situações dos reclamantes.
A nota encerra reforçando o compromisso da empresa em causar impacto positivo e destaca seu portfólio de 60 empresas e 3.000 funcionários em todo o mundo.
Em meio a toda polêmica o Vasco da Gama agoniza na zona de rebaixamento
Mesmo com as palavras de Abel Braga no início do ano de que o torcedor vascaíno nunca mais iria sofrer após a implementação da SAF, e as palavras do sócio da 777 Partners Josh Wanders de que o Vasco nunca mais entraria em campo em desvantagem financeira contra o Flamengo, a realidade é bem diferente.
Sites especializados em apostas como 1 Win possuem odds que apontam o clube como um dos favoritos a despromoção para a Série B mais uma vez. Influenciadores de futebol ironizam o clube dizendo que ele se tornou um investimento de “renda fixa” nos sites de apostas uma vez que o clube perde com frequência.
Tendo feito uma péssima montagem de elenco, deixando lacunas na defesa, no meio e no ataque, além da manutenção de um treinador inexperiente mesmo diante de péssimos resultados, a esperança do clube é na contratação de novos reforços.
Resta saber se a empresa 777 partners possui mesmo capacidade financeira para investir e provar ser uma empresa séria que ajudará o clube a se reerguer.