Após o lançamento bem-sucedido e a ampla adoção de pagamentos eletrônicos através do Pix, o governo brasileiro está agora concentrando recursos no desenvolvimento do Real Digital. O Banco Central (BC) selecionou 16 propostas de diferentes entidades — incluindo aplicações de instituições individuais e consórcios — para a fase piloto do projeto Real Digital.
O Real Digital Piloto será a fase de testes para operações com a moeda digital em um ambiente simulado. Os resultados serão então usados para avaliar se uma plataforma de tecnologia de livro-razão distribuído multiativos para operações com ativos tokenizados será um próximo passo viável para os esforços de digitalização financeira do Brasil.
O impulso em direção à digitalização financeira
O governo brasileiro tem feito esforços concertados para migrar para sistemas financeiros digitais. O ecossistema de pagamentos instantâneos Pix foi lançado em novembro de 2020 e marca um grande passo em direção à digitalização financeira no país. Seu número de usuários mensais desde então ultrapassou 150 milhões, incluindo contas privadas e empresariais.
O Real Digital marca a próxima fase do projeto de digitalização financeira e visa replicar o sucesso do Pix. O BC observa que o uso da moeda digital deve começar até o final de 2024 após a conclusão e avaliação da fase de testes.
De acordo com Maria Rita Serrano, presidente da Caixa Econômica Federal, o sucesso do projeto Real Digital pode levar a diversas aplicações. O Real Digital poderia ser usado para pagar benefícios sociais e trabalhistas, como o Bolsa Família, além de agilizar o processo de financiamento habitacional.
A Caixa é uma das instituições selecionadas para a fase piloto e estabeleceu um consórcio com a empresa de cartões de crédito Elo e a gigante de tecnologia Microsoft. A Elo ajudará a desenvolver opções de criptomoedas para o Real Digital com pagamento parcelado, enquanto a Microsoft ajudará no processo de implementação geral.
Adoção de tecnologia de livro-razão distribuído no Brasil
O Real Digital operará com tecnologia de livro-razão distribuído (DLT). DLTs são sistemas digitais que permitem o armazenamento preciso e seguro de dados através de criptografia, sendo a blockchain um dos exemplos mais populares. O uso dessa tecnologia visa fortalecer a segurança do Real Digital, além de permitir transações mais rápidas e econômicas.
Embora o Real Digital em si não seja uma criptomoeda, os brasileiros estão familiarizados com a tecnologia graças à disponibilidade de plataformas online para investir em criptomoedas. Essas plataformas permitem que traders individuais negociem criptomoedas populares, como Bitcoin (BCUSD), Bitcoin Cash (BCHUSD) e Litecoin (LTCUSD), a taxas acessíveis, além de manter posições sem pagar taxas noturnas.
Embora o mercado de criptomoedas tenha apresentado alguma volatilidade nos últimos anos, criptomoedas populares, como o Bitcoin, continuam mostrando crescimento. O Brasil é um dos maiores mercados para criptomoedas, ocupando o sétimo lugar no mundo em número de exchanges de criptomoedas, de acordo com alguns relatórios. O Banco Central desempenhou um papel significativo na adoção de criptomoedas no país, com a Lei de Criptoativos (Lei nº 14.478) entrando em vigor em 20 de junho de 2023. Esta lei fornece diretrizes para a regulamentação da prestação de serviços para ativos virtuais, incluindo criptomoedas e outros tokens digitais, e tem ajudado a estabelecer o Brasil como um dos líderes globais em termos de apoio aos DLTs.
Planos futuros e perspectivas para o projeto Real Digital
Os testes reais dos sistemas desenvolvidos por consórcios autorizados começarão em outubro deste ano. Durante essa fase, o BC e a autoridade monetária avaliarão a segurança da plataforma escolhida por meio de operações simuladas envolvendo o Real Digital e depósitos tokenizados de instituições financeiras.
Esses ativos incluirão depósitos de contas de reserva bancária, contas de liquidação, a Conta Única do Tesouro Nacional, bem como títulos públicos federais. Os testes serão realizados em múltiplas etapas, com transações simuladas de títulos do Tesouro Nacional programadas para fevereiro de 2024.
Embora o projeto Real Digital ainda esteja em suas fases iniciais, está claro que o governo brasileiro está determinado a entrar em uma nova era de digitalização financeira. Para mais atualizações sobre esta e outras notícias globais, por favor, verifique o restante de nossos artigos no G7.