A Rússia e a Ucrânia lançaram mais de uma dúzia de drones no território um do outro pelo segundo dia consecutivo no domingo, um dos quais aparentemente teve como alvo um aeroporto militar russo, enquanto um civil ucraniano foi morto depois que destroços de drones atingiram sua casa perto do Mar Negro.
Pelo menos 35 drones ucranianos foram abatidos durante a noite em três regiões do sudoeste da Rússia, informou o Ministério da Defesa russo em publicação no aplicativo de mensagens Telegram.
Uma base aérea russa que hospeda aviões bombardeiros usados na Ucrânia estava entre os alvos, de acordo com um canal russo do Telegram que critica o Kremlin. O canal postou vídeos curtos de drones sobrevoando prédios baixos no que alegou ser a cidade russa de Morozovsk, cuja base aérea abriga o 559º Regimento de Aviação de Bombardeiros da Rússia.
Vasily Golubev, governador da província russa de Rostov, relatou separadamente “ataques em massa com drones” perto de Morozovsk e de outra cidade mais a oeste, mas não mencionou a base aérea. Golubev disse que a maioria dos drones foram abatidos e não houve vítimas. Ele não comentou sobre os danos.
Também na manhã de domingo, a Força Aérea da Ucrânia disse ter abatido 20 drones Shahed de fabricação iraniana lançados durante a noite por tropas russas no sul e oeste da Ucrânia, bem como um míssil de cruzeiro X-59 lançado do sul ocupado do país.
Um civil foi morto durante a noite perto de Odesa, um importante porto na costa sul do Mar Negro da Ucrânia, depois que os restos de um drone destruído caíram sobre sua casa, disseram os militares ucranianos.
A intensificação dos ataques de drones no último mês ocorre em um momento em que ambos os lados estão ansiosos para mostrar que não estão em um impasse à medida que a guerra se aproxima da marca de dois anos. O Ministério da Defesa da Rússia disse na noite de sexta-feira que suas unidades antiaéreas destruíram 32 drones ucranianos sobre a Península da Crimeia, que Moscou anexou da Ucrânia em 2014. A força aérea da Ucrânia disse no sábado que abateu 30 dos 31 drones lançados pela Rússia contra 11 ucranianos. regiões na noite anterior.
Nenhum dos lados ganhou muito terreno, apesar da contra-ofensiva ucraniana iniciada em junho.
Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia saudou o que chamou de uma mudança radical na abordagem da Alemanha em relação à candidatura de Kiev à UE.
Numa entrevista ao jornal alemão Bild, Dmytro Kuleba disse que o chanceler alemão, Olaf Scholz, conquistou “admiração sincera e merecida” entre os ucranianos pelo seu papel na recente decisão da UE de abrir negociações de adesão para Kiev.
A Ucrânia enfrenta há muito tempo uma forte oposição nas suas tentativas de aderir ao bloco de 27 membros do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que tem falado repetidamente do seu desejo de manter laços estreitos com a Rússia.
Scholz disse que numa cimeira da UE na semana passada propôs que Orban saísse da sala para permitir que a cimeira iniciasse negociações de adesão com a Ucrânia, algo que o líder húngaro concordou em fazer.
“O que o chanceler alemão, Olaf Scholz, fez na cimeira para remover a ameaça de veto húngaro ficará para a história como um acto da liderança alemã no interesse da Europa. A chanceler conquistou esta semana muita admiração sincera e merecida nos corações dos ucranianos”, disse Kuleba ao Bild.
Ele também expressou esperança de que as ações de Scholz marcariam uma “mudança mais ampla e irreversível” na abordagem de Berlim em relação às negociações da UE com Kiev.
“Quando fiz campanha em Berlim, em Maio passado, para conceder à Ucrânia o estatuto de candidata à UE, os meus apelos à Alemanha para que assumisse a liderança neste processo caíram em ouvidos surdos. “A Alemanha não quer liderar”, disseram-me especialistas e políticos em Berlim. Estou feliz que as decisões políticas alemãs tenham mudado desde então”, disse Kuleba.
——-
A redatora da Associated Press, Vanessa Gera, em Varsóvia, Polônia, contribuiu para este relatório.