Vladimir Putin falou durante mais de duas horas em um discurso incoerente sobre o estado da nação, no qual fez uma série de ameaças nucleares contra o Ocidente antes das eleições presidenciais em duas semanas. Mas houve um nome que ele não mencionou: Alexei Navalny, seu crítico mais proeminente.
Navalny faleceu na prisão no início deste mês, com líderes ocidentais apontando Putin como responsável. A família e apoiadores do líder da oposição alegam que ele foi morto por Putin, enquanto cumpria pena em uma prisão no Ártico. Líderes ocidentais também culparam Putin. Navalny será enterrado em Moscou na sexta-feira. Ele estava cumprindo uma pena de prisão de décadas em acusações consideradas falsas para silenciá-lo, visto como uma ameaça por sua capacidade de reunir dissidência contra o Kremlin.
Dirigindo-se aos legisladores em Moscou, Putin iniciou seu discurso falando do “orgulho” pela anexação da península ucraniana da Crimeia e pela subsequente captura de partes do leste da Ucrânia. A invasão em larga escala da Ucrânia por Putin, lançada há dois anos, causou centenas de milhares de baixas entre as tropas russas, segundo estimativas dos EUA, com grande parte do front em um impasse sangrento, apesar de alguns avanços recentes das tropas de Moscou.
As tropas de Kiev têm resistido firmemente em seu território, enquanto Putin reiterava suas falsas alegações de libertar áreas habitadas por povos russos oprimidos pelo domínio ucraniano – em contraste com as anexações ilegais denunciadas pela comunidade internacional.
Apesar da repressão às críticas à invasão da Ucrânia, com pesadas penas de prisão para dissidentes, Putin afirmou que a “maioria absoluta” dos russos apoia a guerra.
O autocrata russo, que certamente será reeleito para seu quinto mandato após a eleição presidencial em meados de março, alertou que o Ocidente estava atacando a Rússia através da Ucrânia, narrativa mantida desde o início da invasão em larga escala. O discurso de Putin foi transmitido em cinemas e outdoors em Moscou, com a mídia estatal russa relatando mais de 80 aplausos para Putin.
Em resposta aos comentários do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a possibilidade de enviar soldados para a Ucrânia, Putin alertou sobre as consequências trágicas para possíveis intervencionistas. Ele também fez uma ameaça nuclear, repetindo uma declaração feita desde o início da invasão da Ucrânia.
Sergey Radchenko, historiador britânico nascido na Rússia, sugeriu que a resposta de Putin às ameaças nucleares de Macron indica que o presidente francês tocou em um ponto sensível.
Mais tarde, Putin criticou a arrogância do Ocidente em relação à ameaça que a Rússia representa e destacou a necessidade de desenvolver o complexo industrial-militar.
Segundo Radchenko, as ameaças nucleares de Putin são parte de seu arsenal de dissuasão ao Ocidente em relação à Ucrânia.
No terreno, na Ucrânia, o exército russo tenta tomar diversas cidades na região oriental de Donetsk, enquanto a Força Aérea da Ucrânia afirma ter abatido aeronaves russas. O Kremlin descreveu o discurso de Putin como um discurso político para sua reeleição, abordando questões internas da Rússia fora da guerra na Ucrânia.
Após falar sobre a Ucrânia por cerca de 15 minutos, Putin dedicou o restante de seu discurso, quase duas horas, a questões internas da Rússia, prometendo gastos em vários setores, sem mencionar como isso será financiado, quando grande parte do orçamento estatal é destinado à guerra na Ucrânia.
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