Os produtos químicos presentes nos vaporizadores aromatizados podem ser altamente tóxicos quando aquecidos, sugerem novas pesquisas. Os pesquisadores usaram IA para simular os efeitos do aquecimento de produtos químicos encontrados em 180 sabores de vapor. O estudo descobriu que 505 produtos químicos perigosos, incluindo 127 que são extremamente tóxicos e 153 prejudiciais para a saúde, são formados como resultado da vaporização. Os cientistas sugerem que essa abordagem pode ajudar a revelar os riscos para a saúde a longo prazo da vaporização, antes do surgimento de doenças clínicas na população em geral. O aroma líquido nos cigarros eletrônicos é aquecido a altas temperaturas, formando vapor que é inalado pelos usuários. A fonte original dos aromas vem da indústria alimentícia, onde são considerados seguros, mas não foram projetados para serem aquecidos a altas temperaturas e inalados, como é o caso nos cigarros eletrônicos. Os autores do estudo, Donal O’Shea, e Dan Wu, do Royal College of Surgeons da Irlanda, e Akihiro Kishimoto da IBM Research em Tóquio, Japão, afirmam que os aerossóis produzidos pela vaporização de cigarros eletrônicos contêm misturas de pirólise extremamente complexas e não caracterizadas, cujas implicações para a saúde ainda não foram completamente identificadas.
Segundo os pesquisadores, antes que os efeitos do vaping na saúde se tornem evidentes para a população em geral, a inteligência artificial pode ser utilizada para orientar o público, os tomadores de decisão e os profissionais de saúde sobre os potenciais riscos. Eles enfatizam a importância de limitar rigorosamente o número de substâncias químicas nos líquidos utilizados nos cigarros eletrônicos, devido ao potencial de geração de produtos de pirólise mais tóxicos do que os compostos originais. Jacob George, professor de medicina cardiovascular e terapêutica da Universidade de Dundee, que não participou do estudo, destaca a complexidade de analisar os efeitos dos diferentes sabores de cigarros eletrônicos e o potencial de combinar técnicas como algoritmos de mapeamento automatizado e redes neurais para compreender melhor esses efeitos.
Embora ainda não haja respostas definitivas sobre os riscos dos vapes aromatizados para a saúde humana, esse estudo representa um passo inicial importante para identificar possíveis sinais que poderiam conduzir a pesquisas mais aprofundadas sobre os efeitos dos produtos químicos utilizados nos aromatizantes. A combinação de inteligência artificial com dados previamente publicados permitiu prever que o aquecimento de uma combinação de produtos químicos em vapes aromatizados pode resultar na produção de substâncias tóxicas prejudiciais à saúde. Essas previsões agora podem ser validadas com estudos adicionais.
Com poucas evidências de qualidade sobre a segurança ou os danos dos aromas utilizados nos cigarros eletrônicos, os pesquisadores são incentivados a continuar explorando novas estratégias para aprofundar o entendimento desses produtos. A abordagem adotada nesse estudo é bem recebida pela comunidade acadêmica, que reconhece a importância de investigações mais aprofundadas sobre os impactos à saúde associados ao uso de vapes aromatizados.